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Foto do fundo: Auto-retrato - São Miguel do Oeste - SC by Alice Elaine

domingo, 14 de julho de 2019

O que dizer...


Pela primeira vez, em muito tempo, quero escrever mas não sei como começar...
Sinto que preciso falar, mas com quais palavras? Como expressar o que tampouco entendo?
É a mesma sensação de desconforto que senti puxando uma linha de mão arremessada na correnteza de um rio sinuoso. Precisamente o Rio Miranda situa-se no estado de Mato Grosso do Sul, no Brasil e sua foz fica em Corumbá, divisa com o país da bolívia. Sempre ouvi muitas coisas sobre o lugar... onças, peixes e aves, caçadores, contrabando e matadores, então como posso falar sobre o incômodo que me causa a ignorância sobre como deve-se tratar as pessoas com algum distúrbio emocional... depressão, ansiedade, bipolaridade...
Abri mão de usar um molinete, vara ou carretilha para utilizar a única coisa que eu aprendi a manejar desde criança para pescar, uma linha simples, com anzol e chumbada. Minha tia dizia ao Barqueiro: "Ela tem sorte, não me admira pescar algo desta maneira mesmo". Já nos primeiros arremessos fui agraciada com um peixe lindo, branquinho e brigão. O nosso barqueiro disse que era um peixe Palmito, porém, de pouco tamanho. Vi o sorriso no rosto daquela que punha 'fé no meu taco', afirmando com um 'eu disse que tinha sorte'! Pude admirar minha conquista por pouco tempo. pois logo estava novamente ás águas.
Mais algumas tentativas lúdicas entre fotos e amarração da corda da proa do barquinho e uma surpresa surgiu ao sentir o peso nas minhas mão ao recolher a linha. Porém, enquanto fazia um esforço imenso para trazer ao barco o que pesava em minha linha, muitas coisas se passavam em minha cabeça...
O Barqueiro dizia: "Vai tirar o tampão do Rio!!!". Eu ria, todos nós, os quatro no barco riam. Imaginava a frágil embarcação de alumínio girando em um redemoinho, sugando peixes e pescadores...
Um tronco, um peixe apático e enorme... um dorso humano... e este último pensamento era algo que assombrava a minha mente (quem mandou assistir e gostar de séries como o CSI), mas, continuava lutando com o peso da linha e com o vai e vem que se fazia entre o recolher da mesma...
E agora... continuaria a tentar trazer a bordo que havia ali, na profundidade daquele rio? O que era aquilo oculto nas turvas águas daquelas curvas?
Entre a ação e atitude eu tinha os meus sentimentos confusos, a mente em turbilhão, tal qual quando me enfureço com pessoas que falam o que não deveriam.
Palavras impensadas e sem amor algum. A praticidade não é sempre amorosa! Onde fica o benefício da dúvida? Por que sempre achar que se tem a razão ou direito de falar, diante de algo que não possui a menor experiência? Conhecer alguém que tem um problema emocional não faz de ninguém um Expert no assunto!!!!
Decidi pela ação e então a reação.
Se eu desistisse de puxar a linha, perderia, no mínimo um anzol e uma chumbada, então continuei a fazer força para chegar a solução daquele impasse. Puxei, enrolei, pisei, segurei como pude o peso e continuei a içar a linha. Fui com jeito, maneira e tempo. Sem ter a menor garantia de qual seria o resultado, porém, com a intensão de que fosse o que fosse o final daquele esforço eu resolveria o caso.
Experiência do Rio Miranda by Alice Elaine
Uma espera de três anzóis, três chumbadas, três empates e dois tijolos de oito furos cada!
Nada de peixe!
Nada de morte... Ufa! Espero que o resultado seja algo assim... em todos os casos...





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