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Foto do fundo: Auto-retrato - São Miguel do Oeste - SC by Alice Elaine

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Conjecturas (12/07/2008)

Se eu só falasse em dor,
Gritaria só ao vento,
Para que as palavras se perdessem
E restassem apenas lembranças.
Se eu respirasse tristeza,
Sopraria em balões,
Guardaria em doses
E beberia só aos poucos
Se eu não pudesse ver,
Teria mais pedras no caminho,
Para poder escolher direito
O rumo da minha própria vida.
Se eu não tivesse a música
Meu sangue não correria,
Meu coração não pulsaria,
 E meu Ser morreria!


"Escolhas" by Manuela Bertol

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O gato amarelo

Ele senta-se aos meus pés,
Ele me olha firme
Olhar compenetrado e penetrante
Será que está tentando me controlar?
Ele quer meu colo
Ele quer a minha atenção
Acho que ele pretende me dominar...
Será por quê deste olhar?
Ele tem os olhos melados
Ele usa um cavanhaque desenhado
Pêlo tigrado de cor amarela
Será que pretende pular?
Ele tem um ar de tristeza
Ele é grande pra ser um gato
Animal gordo e dócil
Será que existe meio de escapar?

sábado, 19 de setembro de 2009

Realidade Crua

Quando a gente se decepciona com uma pessoa, uma parte do nosso mundo cai. É incrível como coisas antigas ficam marcadas na nossa mente, sentimentos estagnados voltam a tona assim que a água da lembrança volta a agitar-se.


Uma pessoa que sempre foi alguém importante começa a desvanecer, começa a sumir da escada de nossa estima. E nunca é por pouca coisa, não é por um rompante, ou por uma variação hormonal.

A gente só perde as pessoas que na verdade nunca tivemos, porque aquelas que sempre foram por nós, nunca nos abandonarão, sempre saberão de nossos defeitos e nos amarão de qualquer forma...

Porém, aquelas que só se mostraram a nosso favor numa fina aparência logo que o tempo arranha a superfície frágil e sem profundidade, surgem os verdadeiros sentimentos, surge a pessoa como ela é e todos os seus preconceitos pré-estabelecidos com relação a quem enganavam.

Não é que tenhamos culpa por sermos o que somos, mas nunca agradaremos a todos, talvez só nos aturem, enquanto for conveniente, ou até que não agüentem mais esconder o seu âmago.

Eu fico triste, muito triste, porque eu realmente amo aqueles que passaram por minha vida, mas existem alguns que só me tiveram desprezo, demonstrando com seus olhares e bocas tortas. E eu me lembro bem destas ocasiões, elas marcam adultos e crianças de qualquer idade...

Mas, fazer o quê? Eu preciso continuar vivendo, afinal eu nunca o tive e... não vai me fazer falta perdê-lo...

O que eu tinha que chorar, já chorei. O que eu tinha que lamentar, já lamentei. Já tentei pedir desculpa pelo que eu não fiz. Já tentei consertar o que nem defeito tinha...

Agora, o que resta, é não dar importância, é riscar o rascunho, passar a limpo em folha em branco, sumir com este personagem da história da nossa vida, afinal, o livro é nosso.

Mas, uma coisa eu tenho certeza: eu tenho muita vergonha na cara, porque eu conheço meus defeitos e não julgo ninguém por mim mesma, nem, tampouco critico alguém sem conhecer sua história.

Eu sempre lembrarei de quem me ama, de quem me aceita, de quem me perdoa mesmo eu sendo imperfeita, por ser chata e por eu ser eu mesma.

Pescaria 1985 by Carlos (Pai)


...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Música

A chuva canta uma cantiga de notas puras,
E as frestas das janelas soam como uma gaita,
Soprada pela boca da noite de ruas escuras.
São nobres melodias indecifráveis e abstratas.
Com um compasso que muda com a viração,
O vento toca nas árvores, nas esquinas e telhados.
E até que o silêncio faça ouvir sua morna canção,
Sonho com o músico que toca de olhos fechados.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Blue

Hoje meus pensamentos são tão soturnos.
É um dia de cortinas fechadas,
Roupas sem cor,
Semblante fechado,
Olhar sem direção,
Muita vontade de dormir.
Fazer o tempo voar,
Passar as horas rapidamente,
Chegar logo o amanhã.
Talvez ele traga mais luz,
Venha com mais força.
Quem sabe a energia se renove,
O sorriso se abra,
Os olhos se iluminem,
O corpo vibre.
Mas, hoje, não.
Agora é o marasmo que reina,
Este dia está condenado
Nem as palavras ajudam.
Sinto-me só no meio da multidão.
Tenho companhia
Mas é a solidão que grita.
Vai passar...
É só hoje...
Amanhã eu melhoro.
Amanhã...
Hoje, não...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Banho Quente


Dia frio

Chuva fina
Tarde caindo
Luz acesa
Chuveiro ligado
Água descendo
Corpo arrepiado
Roupa espalhada
Cabelo molhado
Cheiro gostoso
Espuma abundante
Lavagem minuciosa
Creme amaciante
Sabonete liquido
Óleo aromático
Massagem relaxante
Enxágüe final
Toalha macia
Roupa quentinha
Olhar sugestivo...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A Taça de Vinho

Ela é vermelha tão forte que parece negra, mas tem o gosto da uva, no seu tom seco, não gosto de doce e o suave já tem mais açúcar o que eu gostaria.
Ela é linda, parece um vestido de veludo bem moldado.
Uma escultura brilhante com formas bem definidas. Produz um quadro de cores e reflexos exuberantes. É mais linda na aparência no que ao próprio paladar, embora este seja muito bom.
Sabor seco, amortecer das papilas, toque de frescor ao escorrer...
Tonturinha nos olhos, moleza no corpo, soninho gostoso chegando aos olhos.
A cabeça pesa mas não dói, sinal de vinho bom....
Vinho tinto é muito belo, dá mais cor e mais beleza as suas taças.
Parece mais forte e mais vigoroso.
Tem a aparência do que é precioso, é figura fotogênica e sentimento.
Seu aroma é dos parreirais, com zumbido de abelhas.
A taça não é de cristal, é vidro bem moldado.
O seu conjunto que é completo.
Ah, como combina bem a taça de vinho tinto com as noites frias do inverno...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Desenho da Saudade




Que linda Mimosa, de tamanha luz,
E sua irmã Rubídea, cor de carmim.
Levam meus sonhos que a vida conduz.
Lampejam ardentes dentro de mim.
Nestes planaltos de paisagem retorcida,
Sem o cheiro verde vivo no chão,
Faltam os campos banhados pela Intrometida.
Sobram as penas no perdido coração.
Longe da discreta Pálida,
Meu anoitecer é tão mesquinho.
Não tenho uma desculpa válida
Para sentir-me assim tão sozinho.
Mas tenho por direção o teu brilho
Sonho ao teu rumo voltar
Com o violão no qual dedilho,
Debaixo da Alfa-Magalhães descansar.


Homenagem a “um gaúcho que está corroído de saudade do Rio Grande e que não se acostuma com esse Planalto Central”!

sábado, 5 de setembro de 2009

Lugar muito especial

No Sul do Sul by Alice


Fazia muito tempo que eu não revia aquelas terras, anos que eu havia ficado afastada daqueles cheiros, sotaques e cores.
Agora me eram tão familiar, tão meu. Como se aquele horizonte me pertencesse.
Eu olhava em volta, de dentro do carro em movimento, e via a beira da estrada passando, com um tipo particular de cobertura. Era verão, temperatura amena, sol quente porém a brisa refrescava o corpo e a mente.
Olhei para os campos, que visão boa! Eu via o gado espalhado, pastando sem contar as horas, seguindo o passo de quem vive no meio rural. Eu vi os açudes cheios de água, a benção dos céus, transbordavam de beleza azul, com aguapés e marrequinhas nas sangas.
O cheiro! Cheiro de terra, cheiro de pasto, cheiro de bicho!
E o vento? Por que o vento me parecia tão meu? Era o vento que varria aquele chão, que levantava aquela poeira, vento que cruzava as coxilhas e batia, agora, contra meu rosto.
Suspirei, respirando o ar geladinho, o ar impregnado de minha infância, um ar de estar em casa.
Quando coloquei os pés descalços no chão, que sensação maravilhosa. Senti a areia afundar e inundar os contornos dos pés, terreno arenoso, mas fértil. Muita lavoura, muita plantação, muita pastagem, muita vida!
Parecia que as minhas raízes haviam ficado no passado me esperando, esperando eu voltar para dizer a elas que elas estarão ali, sempre que eu voltar pra aquelas terras...
Meus olhos já não podiam mais ver nitidamente as coisas belas que eu via, estavam embaçados, a garganta fechada, língua grudada, mandíbula cerrada, o peito estufado de ar...
Mais um apertar de lábios, e o choro não pode mais ser contido. Eram minhas emoções afloradas como uma cheia de rio, as lágrimas iam lavando o rosto e trazendo tudo que estava nos cantinhos do coração, lá dentro, onde eu até não sabia que estavam.
Me peguei pensando como aquilo tudo era tão importante pra mim e eu tão pouco sabia, tinham um valor do qual eu não tinha percebido, ainda, pois, naquele exato instante eu descobri o meu lugar, o lugar ao qual me deixa segura de quem eu sou, de onde vim, minhas heranças, costumes e minhas lembranças.
É, eu sei o que é voltar pra casa, voltar para o Sul!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A Beleza

[Calçadão Balneário Camboriú - SC] por Manuela Bertol

A tristeza é assim, tão bela.
É isso que aprendemos na escola.
No poema, ela sofre por ele,
E ele lamenta a falta dela.

                                Casal que dá certo não é perfeito.
                                Tudo com dor é mais bonito...
                                Precisam ter desencontros e lamúrias
                                Pra que o amor seja infinito.

Tem que ser bobo, inexperiente.
Ninguém aplaude o eficaz!
Quebrar a cara todo dia,
Pra depois tornar-se capaz.

                                 E assim que é em nosso filme ou novela.
                                 Nossa história só será, pela crítica, elogiada
                                 Se tiver muito choro e lágrimas.
                                 De uma mocinha desmantelada.

Numa cadeira aparte do sucesso,
Meu desejo, com tudo isso não condiz.
Não quero uma vida bela,
Só quero uma completa e feliz!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Dor de cabeça II

Dipirona sódica
Paracetamol e cafeína
Chá de mil-folhas
Infusão de camomila
Escalda pés
Bolsa de gelo
Escuridão no quarto
Olhos fechados
Nada de álcool
Hidratar o corpo
Massagem nas têmporas
Cafuné na cabeça
Refeição leve
Evitar jejum
Movimentos lentos
Prazer a dois
Melodia gostosa
Ambiente silencioso
Cama confortável
Travesseiro na cabeça
Palavras doces e afáveis
Uso pleno do tato
Pensamentos felizes
Sono reparador
Banho morno
Roupa fresca
Vento no corpo
Ventilador!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Dor de cabeça I

Muito calor
Frio extremo
Emoção súbita
Tristeza prolongada
Período do mês
Pressão momentânea
Noite em claro
Dia corrido
Criança gritando
Ronco de moto
Glutamato monossódico
Vinho tinto
Fumaça de cigarro
Gás vazando
Cansaço esgotante
Dormir demais
Chuva se aproximando
Amigos partindo
Alergia constante
Falta de ar
Véspera de viagem
Chegada em casa
Cinema de tarde
Sem café-da-manhã
Óculos fraco
Sol forte
Música alta
Altitude!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Caminho

   Um caminho é imposto pra todo ser que anda **          ****
   Todos tem que passar por algum lugar  *****           ****
   Ninguém se esquiva dele  *********                  ********
   Nenhuma pessoa pode parar. ****               *********
*****                    ****                                  
*******                 **   Há escolhas a fazer, sempre      
**********                  ************  Não tem como evitar      
*******                   *** Por este ou por aquela estrada      
*******                          **O passante deve cruzar.      
                                     *****             *****           
Quem preocupa-se demais *****                ******
Não vê na sua volta a paisagem **                  ***
Cuida as pedras, olha o buraco ****                  ******
Mas não pode abrir passagem. ******                  ****
*******              *********                           
****                       ***** Ande olhando pra frente
******                          ***** Veja mais além do horizonte
*****                              *************Eu sei o final do caminho
****                                   ** Mas, descubra! Sem que eu te conte...


Onde estão?