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Foto do fundo: Auto-retrato - São Miguel do Oeste - SC by Alice Elaine

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Reflexo

Às vezes eu sinto que sou como uma goma de mascar ou um copo descartável, o garfinho de plástico da festinha com bolo...
Sinto-me tão insignificante quanto o guardanapo de papel, que fica sobre o prato da pizzaria, e que qualquer brisa o atira ao chão.
“- Nem vale a pena juntar... O garçon trás outro!”
Olho para o espelho e vejo refletido nele a minha decepção, minha frustração e minha transparência...
Como pode alguém ser tão útil em alguns momentos e ser tão “ninguém”?
Igual ao pequeno pedaço de papel, eu tenho um valor volátil, sirvo pra várias coisas, mas poucos reparam quando caio ao chão, talvez apenas o faxineiro...
Dizem que as mulheres são delicados cristais e que devem ser tratadas assim, ainda bem que há pessoas que pensam mesmo desta maneira.
Mas por muitas vezes eu desejei que notassem e reconhecessem meus sentimentos.
Ah... o mundo continua girando, e as pessoas comendo e subindo a escada pra alcançar seus objetivos e olhando para seus umbigos.
Quando olharem para trás e notarem que o degrau desapareceu, lembrarão, talvez, de mim...
“- Não vale a pena voltar... eu piso noutro!”

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Simplicidade

As coisas simples da vida SÃO, realmente, simples, a gente é que complica.
Pra matar a sede, nada melhor que um copo de água fresca. Pra acabar com o calor do corpo, um banho refrescante.
É assim, sem frescura, sem pompa...
Todo dia eu recebo outra lição de que isto é verdadeiro.
Compro um brinquedo caro pro meu filho, mas é da caixinha que ele gosta mais, coloco uma roupinha linda no pequeno homem, mas ele gosta mesmo é de correr pelado...
Hoje ele me mostrou mais uma simplicidade gostosa...
Se lhe perguntasse: qual é a maneira mais prazerosa de se comer uma espiga de milho, o que é que responderia?
Eu cozinhei uma panelada, milho clarinho, cheiroso e macio.
Perdi um tempão e queimei as pontinhas dos dedos pra tirar os grãos do sabugo com uma faquinha, para poder ficar mais fácil do garotinho devorar o petisco, mas...
Ele preferiu morder e se deliciar de maneira simples, trocou o pratinho cheio de grãos por um sabugo repleto de bolinhas amarelas e suculentas.
É simples, se todos os outros estão comendo assim, por que é que ele seria diferente, só por ser mais jovem?
E eu me pergunto: por que é que eu não aprendo?
E sigo complicando as coisas...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Alegria

“A ansiedade no coração do homem é o que o fará curvar-se, mas a boa palavra é o que o alegra”. (Provérbios 12:25)

Como é bom receber uma “boa palavra”, ainda mais vinda de pessoas que a gente ama muito!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Brincadeira...

Ouça...
É o som da locomotiva à vapor.
É o compasso da modernidade de tempos atrás.
O aroma do capim deveria vir do celeiro,
Tão certo quanto o calor que brota nesta estação.
Sou o ciclista com sua força motriz.
Sou a velocidade que consigo atingir.
Não tenho ponto de partida e nem de chegada.
Mas, há só uma fragrância a flutuar...
E impregnou-me as mãos.
Faz-me muito bem, me faz sonhar.
Cheirinho de madeira no ar.

modelos de madeira by Alice

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

E eu fiz o Chateaubriand

Felicidade que bate na porta... coisa de criança feliz, cachorro faceiro que recebe o dono sem saber o que fazer primeiro, sacode o rabo, late nos gatos ou pula nas pernas...
Hoje eu estou assim!
Sou só euforia, felicidade a flor da pele, sou alegria...
E eu fiz a comida preferida!
Fiz Chateaubriand de filezinho de frango,
À moda Alice...
Bife passadinho na chapa,
Molho de tomate com champignon e creme de leite,
Batatinha palha por cima.
E arroz branco pra acompanhar...
Enquanto monto o prato bebo do vinho tinto!
Pra comemorar!
Hoje vai ter festa até a madrugada...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Olhar

Ao nascer, observava sombras entre as luzes,
Na infância, via o mundo sob a ótica de uma criança.
Antes dos 20 já usava óculos para correção.
Mas no fim, espero não ver minha morte...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Sou Feliz

Eu queria ter um meio
Que me permitisse viajar
Pra dentro dos pensamentos
De quem me permitir entrar,
Daqueles com que eu sonho,
Dos que eu tenho saudade.
Queria ver se lembram de mim
Se durante o dia, pensam em mim

Será que estou por aí?
Será que ainda vivo?
Onde estou? Com quem ando?
Sou feliz

Poderia flutuar
Dentro das ondas do coração
Ver meus amigos brincar
Seus filhos crescer
Um amor nascer
Dividir a dor
Confortar pelas perdas
Nunca estar só...

Será que estou por aí?
Será que ainda vivo?
Onde estou? Com quem ando?
Sou feliz

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Personalidade

Como descobrir quem se é?
Quando sente prazer fazendo o que é sempre rotineiro.
Quando todo mundo diz que não gosta e continua apreciando mesmo assim.
Quando seu espelho lhe sorri.
Quando muda de gosto é porque aprendeu que o novo lhe agrada mais do que o antigo.
Tem convicção do que não deve fazer e,
Um alvo a atingir.
Sabe experimentar sem por a culpa em ninguém.
Admite a culpa e não discute por méritos.
Têm cores, roupas e calçados preferidos fora da moda, ou na moda.
Não copia, aceita sugestões.
Ama o que é seu, não inveja dos outros.
Sabe dizer NÃO e, também o SIM.
Não tem medo de errar,
Porque o erro é motivo pra se aprender.
Conhece seus limites e os respeita.
Não tenta aparentar ser o que não é.
Mas, finge não saber que está sendo ferida,
Porque ama esta pessoa.
Pensa nas palavras.
Mede as conseqüências.
Faz suas próprias escolhas,
Mesmo que seja a mesma de outros.

domingo, 15 de novembro de 2009

Os três mosqueteiros...

Cloreto de sódio, cloreto de benzalcônio e cloridrato de nafazolina.
Dipropionato de beclometasona e salbutamol.
Mucato de isometepteno, dipirona sódica e cafeína.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Amigo, adiante!

Coração partido em cacos
Não o meu, mas o teu.
Ai, como dói não saber.
Não saber o que se passou,
Ou o que se passa.
Não ter o remédio pra curar:
Dor de amor, dor de solidão,
Dor de dúvida...
Como eu queria ajudar, mas ajudo como?
Não sei o problema,
Eu não sei de nada.
Estou longe e estou por fora,
Estou só percebendo.
Vejo nas linhas da canção,
Sinto nas palavras,
Gostaria de dizer:
Não sofra,
Não chore,
Não se afogue!
Afagar com cafuné seus cabelos
Passar a almofada pra chorar escondido.
Queria ter a solução pro soluço!
Só posso esperar que passe,
Assoprar de leve a ferida,
Sentar-me ao teu lado na calçada,
Esperar que a dor passe.
Apenas torcer por ti,
Pelo teu sucesso e recuperação.
O que poderia fazer eu estou tentando.
É sincero, espontâneo e desinteressado.
Espero que aceites... Continue adiante!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Dois Sentidos

As pessoas serão sempre lembradas
Por um perfume marcante
Ou pelo sabor insubstituível
Coisas da vida, fato relevante.

Cheiro de rosas, baunilha,
Água fresca, canela ou flores de verão,
Aroma de Almíscar, lavanda,
Madeira, sândalo ou outro tipo de grão.

Gosto de macarronada, mingau,
Café, pão ou algum docinho.
A picante moqueca de peixe,
A sopa, o suco ou o picadinho.

Alguns se lembram do olor exalado.
Outros do sabor transferido ao prato.
Alguns se lembram de olhos fechados,
Outros do salgadinho da pele no palato.


Nuvens by Alice

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Alice

Quando estou com vontade de chorar, fico mais pensativa, retraída e entro num buraco atrás do tal “coelho”, caindo e caindo até o fundo. Tenho medo de não sair mais deste mundo nada maravilhoso...
Choro um rio caudaloso debaixo do chuveiro, entre os travesseiros ou na frente da geladeira.
Enxugo o rosto, volto a jogar um pouco de água fria pra aliviar o vermelhão...
Tento voltar ao convívio social de maneira a não levantar suspeitas para minha dor.
Mas, é dor de quê?
Sei lá... Talvez se eu soubesse o que me aflige seria mais fácil de curar.
É simplesmente choro... Vontade de expelir de alguma forma toxinas e desilusões. É uma maneira de lidar com o conformismo, encontrando um modo inofensivo de extravasar as frustrações.
Eu posso dizer a quem eu quiser que eu choro, mas odeio que me vejam chorar. Sinto-me mais atingida ainda, se alguém pergunta o “porque”. Eu não quero explicar coisa nenhuma!
De uma hora para outra posso me transformar na “Rainha de Copas” e cortar a cabeça dos que me importunam.
Talvez eu ache o tal “coelho” e, talvez, quem sabe, eu coma uma carne diferente acompanhada de vinho tinto...
Enxugarei minhas lágrimas com o guardanapo!

Coelho-gato branco by Alice


...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O Refresco

Começo de noite, calor escaldante desde a manhãzinha.
Agora, no ocaso do dia, o alívio para plantas, animais e corpos cansados.
Barulho de vento, oscilação de energia, chão molhado com respingos.
Desaba o céu em gotas, chuva fria, vento forte.
Vem lavando a poeira das paredes quentes,
Terra rachada e folhas murchas por todos os lados
Voltam a esticar-se e preenchendo os espaços,
Trazendo um consolo para a hora de descanso.
A cabeça que doía, agora relaxa,
Conta em silêncio o som das águas na janela.
Respiram os poros, antes embebidos de suor.
Correntes de fluxo contínuo nas ruas banhadas de choro celeste.
Cantiga de ninar para aflitas almas ardentes.
Ar fresco em movimento a bailar no ritmo das frestas e latas.
A tempestade me acalma...
Sinto-me viva com o som que ela trás.
É a cura para o que o sol queimou.
É a lembrança do que realmente tem valor.
É a demonstração da fragilidade do que antes parecia sólido.
É ar, é água e é movimento.
É força indomável!
Ah,
A tempestade me acalma...
Refresca meus pensamentos.

domingo, 1 de novembro de 2009

Quem


Esse é nosso jeito de continuar by Manu Bertol

Quem me condenará quando eu cometer meus erros mais graves?
Acaso serão os covardes, que nunca terão um instante de coragem em seus esqueletos corroídos pela inveja?
Serão os pobres de espírito que jamais olham pra si mesmos como olham para o seu semelhante?
Quem sabe, serão os perfeitos seres-humanos que não conhecem a falha porque não a admitem nos seus tristes dias agendados?
Quem apontará meus deslizes?
Surgirão dedos de todos os lados...
Dedos de hipócritas que escondem-se atrás de caras “psico-apáticas”, gente psicótica...
Indicadores esticados provindos de pessoas mesquinhas, sem amor para dar...
Quem será capaz de julgar minhas ações indecisas quanto ao seu real valor?
Serão os inconseqüentes que levam suas vidas curtas até a próxima esquina?
Quem sabe os donos da verdade que gritam de seus púlpitos a manipulação da massa?
Minha certeza é assustadora mas justa...
Quem me causará a culpa, quem me atribulará pelo erro e me julgará os atos,
É minha própria consciência.
Ah, mas quem me aplica o perdão,
DEUS.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Ovelha


Black sheep by Manu Bertol

Que calor me dá ver um bicho desses ao sol...
Lã densa e fofa recobrindo o lombo não tosquiado.
Que sufoco me dá o chacoalhar da sua respiração...
Sacolejar balançante de um corpo parado.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O Primeiro...

Choro, Colo, Olhar, Sorriso, Grito, Medo.
Ano, Dente, Passo, Tombo, Curativo.
Rabisco, Caderno, Namorico, Fim.
Pêlo, Sonho, Perigo, Copo.
Amor, Piscar, Beijo, Suspiro.
Skate, Gesso,
Desejo, Motivo, Desentendimento.
Rompimento, Coração quebrado, Porre.
Re-começo, Emprego, Carro, Romance.
Terno, Casamento, Teto.
Filho, Livro, Sucesso.
Cabelo branco, Remedinho, Pânico.
Neto, Cruzeiro, Naufrágio, Lamento.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

MSN

chuva?

não
e aeh?

parou

aqui 18°
dia bonito
céu azul sem nuvens

aki, 22.2º
bem nublado
chão vertendo
nadinha de vento

putz

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

E Depois...

Train in vain by Manu Bertol

Coração pulsando em descompasso.
Mãos frias, suor escorrendo.
Boca seca e língua roçando os dentes.
Pupila dilatada, alvo localizado.
Corpo em ebulição.
Pernas bambas, musculatura trêmula.
Peito apertado, respiração ofegante.
Cheiro de tudo...
Palavras presas na garganta.
Gestos parados, luz estroboscópica.
Emoção...
Lágrimas...
E depois?


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Conjecturas (12/07/2008)

Se eu só falasse em dor,
Gritaria só ao vento,
Para que as palavras se perdessem
E restassem apenas lembranças.
Se eu respirasse tristeza,
Sopraria em balões,
Guardaria em doses
E beberia só aos poucos
Se eu não pudesse ver,
Teria mais pedras no caminho,
Para poder escolher direito
O rumo da minha própria vida.
Se eu não tivesse a música
Meu sangue não correria,
Meu coração não pulsaria,
 E meu Ser morreria!


"Escolhas" by Manuela Bertol

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O gato amarelo

Ele senta-se aos meus pés,
Ele me olha firme
Olhar compenetrado e penetrante
Será que está tentando me controlar?
Ele quer meu colo
Ele quer a minha atenção
Acho que ele pretende me dominar...
Será por quê deste olhar?
Ele tem os olhos melados
Ele usa um cavanhaque desenhado
Pêlo tigrado de cor amarela
Será que pretende pular?
Ele tem um ar de tristeza
Ele é grande pra ser um gato
Animal gordo e dócil
Será que existe meio de escapar?

sábado, 19 de setembro de 2009

Realidade Crua

Quando a gente se decepciona com uma pessoa, uma parte do nosso mundo cai. É incrível como coisas antigas ficam marcadas na nossa mente, sentimentos estagnados voltam a tona assim que a água da lembrança volta a agitar-se.


Uma pessoa que sempre foi alguém importante começa a desvanecer, começa a sumir da escada de nossa estima. E nunca é por pouca coisa, não é por um rompante, ou por uma variação hormonal.

A gente só perde as pessoas que na verdade nunca tivemos, porque aquelas que sempre foram por nós, nunca nos abandonarão, sempre saberão de nossos defeitos e nos amarão de qualquer forma...

Porém, aquelas que só se mostraram a nosso favor numa fina aparência logo que o tempo arranha a superfície frágil e sem profundidade, surgem os verdadeiros sentimentos, surge a pessoa como ela é e todos os seus preconceitos pré-estabelecidos com relação a quem enganavam.

Não é que tenhamos culpa por sermos o que somos, mas nunca agradaremos a todos, talvez só nos aturem, enquanto for conveniente, ou até que não agüentem mais esconder o seu âmago.

Eu fico triste, muito triste, porque eu realmente amo aqueles que passaram por minha vida, mas existem alguns que só me tiveram desprezo, demonstrando com seus olhares e bocas tortas. E eu me lembro bem destas ocasiões, elas marcam adultos e crianças de qualquer idade...

Mas, fazer o quê? Eu preciso continuar vivendo, afinal eu nunca o tive e... não vai me fazer falta perdê-lo...

O que eu tinha que chorar, já chorei. O que eu tinha que lamentar, já lamentei. Já tentei pedir desculpa pelo que eu não fiz. Já tentei consertar o que nem defeito tinha...

Agora, o que resta, é não dar importância, é riscar o rascunho, passar a limpo em folha em branco, sumir com este personagem da história da nossa vida, afinal, o livro é nosso.

Mas, uma coisa eu tenho certeza: eu tenho muita vergonha na cara, porque eu conheço meus defeitos e não julgo ninguém por mim mesma, nem, tampouco critico alguém sem conhecer sua história.

Eu sempre lembrarei de quem me ama, de quem me aceita, de quem me perdoa mesmo eu sendo imperfeita, por ser chata e por eu ser eu mesma.

Pescaria 1985 by Carlos (Pai)


...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Música

A chuva canta uma cantiga de notas puras,
E as frestas das janelas soam como uma gaita,
Soprada pela boca da noite de ruas escuras.
São nobres melodias indecifráveis e abstratas.
Com um compasso que muda com a viração,
O vento toca nas árvores, nas esquinas e telhados.
E até que o silêncio faça ouvir sua morna canção,
Sonho com o músico que toca de olhos fechados.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Blue

Hoje meus pensamentos são tão soturnos.
É um dia de cortinas fechadas,
Roupas sem cor,
Semblante fechado,
Olhar sem direção,
Muita vontade de dormir.
Fazer o tempo voar,
Passar as horas rapidamente,
Chegar logo o amanhã.
Talvez ele traga mais luz,
Venha com mais força.
Quem sabe a energia se renove,
O sorriso se abra,
Os olhos se iluminem,
O corpo vibre.
Mas, hoje, não.
Agora é o marasmo que reina,
Este dia está condenado
Nem as palavras ajudam.
Sinto-me só no meio da multidão.
Tenho companhia
Mas é a solidão que grita.
Vai passar...
É só hoje...
Amanhã eu melhoro.
Amanhã...
Hoje, não...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Banho Quente


Dia frio

Chuva fina
Tarde caindo
Luz acesa
Chuveiro ligado
Água descendo
Corpo arrepiado
Roupa espalhada
Cabelo molhado
Cheiro gostoso
Espuma abundante
Lavagem minuciosa
Creme amaciante
Sabonete liquido
Óleo aromático
Massagem relaxante
Enxágüe final
Toalha macia
Roupa quentinha
Olhar sugestivo...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A Taça de Vinho

Ela é vermelha tão forte que parece negra, mas tem o gosto da uva, no seu tom seco, não gosto de doce e o suave já tem mais açúcar o que eu gostaria.
Ela é linda, parece um vestido de veludo bem moldado.
Uma escultura brilhante com formas bem definidas. Produz um quadro de cores e reflexos exuberantes. É mais linda na aparência no que ao próprio paladar, embora este seja muito bom.
Sabor seco, amortecer das papilas, toque de frescor ao escorrer...
Tonturinha nos olhos, moleza no corpo, soninho gostoso chegando aos olhos.
A cabeça pesa mas não dói, sinal de vinho bom....
Vinho tinto é muito belo, dá mais cor e mais beleza as suas taças.
Parece mais forte e mais vigoroso.
Tem a aparência do que é precioso, é figura fotogênica e sentimento.
Seu aroma é dos parreirais, com zumbido de abelhas.
A taça não é de cristal, é vidro bem moldado.
O seu conjunto que é completo.
Ah, como combina bem a taça de vinho tinto com as noites frias do inverno...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Desenho da Saudade




Que linda Mimosa, de tamanha luz,
E sua irmã Rubídea, cor de carmim.
Levam meus sonhos que a vida conduz.
Lampejam ardentes dentro de mim.
Nestes planaltos de paisagem retorcida,
Sem o cheiro verde vivo no chão,
Faltam os campos banhados pela Intrometida.
Sobram as penas no perdido coração.
Longe da discreta Pálida,
Meu anoitecer é tão mesquinho.
Não tenho uma desculpa válida
Para sentir-me assim tão sozinho.
Mas tenho por direção o teu brilho
Sonho ao teu rumo voltar
Com o violão no qual dedilho,
Debaixo da Alfa-Magalhães descansar.


Homenagem a “um gaúcho que está corroído de saudade do Rio Grande e que não se acostuma com esse Planalto Central”!

sábado, 5 de setembro de 2009

Lugar muito especial

No Sul do Sul by Alice


Fazia muito tempo que eu não revia aquelas terras, anos que eu havia ficado afastada daqueles cheiros, sotaques e cores.
Agora me eram tão familiar, tão meu. Como se aquele horizonte me pertencesse.
Eu olhava em volta, de dentro do carro em movimento, e via a beira da estrada passando, com um tipo particular de cobertura. Era verão, temperatura amena, sol quente porém a brisa refrescava o corpo e a mente.
Olhei para os campos, que visão boa! Eu via o gado espalhado, pastando sem contar as horas, seguindo o passo de quem vive no meio rural. Eu vi os açudes cheios de água, a benção dos céus, transbordavam de beleza azul, com aguapés e marrequinhas nas sangas.
O cheiro! Cheiro de terra, cheiro de pasto, cheiro de bicho!
E o vento? Por que o vento me parecia tão meu? Era o vento que varria aquele chão, que levantava aquela poeira, vento que cruzava as coxilhas e batia, agora, contra meu rosto.
Suspirei, respirando o ar geladinho, o ar impregnado de minha infância, um ar de estar em casa.
Quando coloquei os pés descalços no chão, que sensação maravilhosa. Senti a areia afundar e inundar os contornos dos pés, terreno arenoso, mas fértil. Muita lavoura, muita plantação, muita pastagem, muita vida!
Parecia que as minhas raízes haviam ficado no passado me esperando, esperando eu voltar para dizer a elas que elas estarão ali, sempre que eu voltar pra aquelas terras...
Meus olhos já não podiam mais ver nitidamente as coisas belas que eu via, estavam embaçados, a garganta fechada, língua grudada, mandíbula cerrada, o peito estufado de ar...
Mais um apertar de lábios, e o choro não pode mais ser contido. Eram minhas emoções afloradas como uma cheia de rio, as lágrimas iam lavando o rosto e trazendo tudo que estava nos cantinhos do coração, lá dentro, onde eu até não sabia que estavam.
Me peguei pensando como aquilo tudo era tão importante pra mim e eu tão pouco sabia, tinham um valor do qual eu não tinha percebido, ainda, pois, naquele exato instante eu descobri o meu lugar, o lugar ao qual me deixa segura de quem eu sou, de onde vim, minhas heranças, costumes e minhas lembranças.
É, eu sei o que é voltar pra casa, voltar para o Sul!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A Beleza

[Calçadão Balneário Camboriú - SC] por Manuela Bertol

A tristeza é assim, tão bela.
É isso que aprendemos na escola.
No poema, ela sofre por ele,
E ele lamenta a falta dela.

                                Casal que dá certo não é perfeito.
                                Tudo com dor é mais bonito...
                                Precisam ter desencontros e lamúrias
                                Pra que o amor seja infinito.

Tem que ser bobo, inexperiente.
Ninguém aplaude o eficaz!
Quebrar a cara todo dia,
Pra depois tornar-se capaz.

                                 E assim que é em nosso filme ou novela.
                                 Nossa história só será, pela crítica, elogiada
                                 Se tiver muito choro e lágrimas.
                                 De uma mocinha desmantelada.

Numa cadeira aparte do sucesso,
Meu desejo, com tudo isso não condiz.
Não quero uma vida bela,
Só quero uma completa e feliz!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Dor de cabeça II

Dipirona sódica
Paracetamol e cafeína
Chá de mil-folhas
Infusão de camomila
Escalda pés
Bolsa de gelo
Escuridão no quarto
Olhos fechados
Nada de álcool
Hidratar o corpo
Massagem nas têmporas
Cafuné na cabeça
Refeição leve
Evitar jejum
Movimentos lentos
Prazer a dois
Melodia gostosa
Ambiente silencioso
Cama confortável
Travesseiro na cabeça
Palavras doces e afáveis
Uso pleno do tato
Pensamentos felizes
Sono reparador
Banho morno
Roupa fresca
Vento no corpo
Ventilador!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Dor de cabeça I

Muito calor
Frio extremo
Emoção súbita
Tristeza prolongada
Período do mês
Pressão momentânea
Noite em claro
Dia corrido
Criança gritando
Ronco de moto
Glutamato monossódico
Vinho tinto
Fumaça de cigarro
Gás vazando
Cansaço esgotante
Dormir demais
Chuva se aproximando
Amigos partindo
Alergia constante
Falta de ar
Véspera de viagem
Chegada em casa
Cinema de tarde
Sem café-da-manhã
Óculos fraco
Sol forte
Música alta
Altitude!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Caminho

   Um caminho é imposto pra todo ser que anda **          ****
   Todos tem que passar por algum lugar  *****           ****
   Ninguém se esquiva dele  *********                  ********
   Nenhuma pessoa pode parar. ****               *********
*****                    ****                                  
*******                 **   Há escolhas a fazer, sempre      
**********                  ************  Não tem como evitar      
*******                   *** Por este ou por aquela estrada      
*******                          **O passante deve cruzar.      
                                     *****             *****           
Quem preocupa-se demais *****                ******
Não vê na sua volta a paisagem **                  ***
Cuida as pedras, olha o buraco ****                  ******
Mas não pode abrir passagem. ******                  ****
*******              *********                           
****                       ***** Ande olhando pra frente
******                          ***** Veja mais além do horizonte
*****                              *************Eu sei o final do caminho
****                                   ** Mas, descubra! Sem que eu te conte...


segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A Orchestra

Execução perfeita.
Nenhum erro. Sem falhas.
O maestro vibra a cada movimento.
Música bela.
Sonha a emoção da arte.
As últimas notas,
Espetáculo incólume.
Sentimentos aflorados,
Suor escorrendo por entre os cabelos,
Mãos firmes na batuta.
O derradeiro gesto.
Reverência aos músicos,
Olhos fechados,
Braços abertos.
Ouvidos atentos aos aplausos.
Nada!
Abre os olhos.
Gira o corpo devagar...
Ninguém na platéia...

domingo, 30 de agosto de 2009

O Bicho do Coração

Se for pra pensar num bicho preferido eu lembro sempre do mesmo animal...

Nem precisa nenhuma interpretação psicológica, eu mesma já forneço minhas razões.
Um animal de riscos perfeitos, músculos aparentes, olhos grandes e com cílios de figura imponente com patas vigorosas e lombo provocante pois amo ver a coluna deles como se fossem um vale raso entre montes.
Crinas longas, bem escovadas... deve ter um dono orgulhoso do bicho, caprichoso com seu amigo.
Símbolo de elegância, força e caráter! Tem bela figura e belo andar.
O doce bater das suas patas ao chão me atiça os instintos, dá vontade de montar em pêlo, segurar nas rédeas da emoção, galopar sem destino em alguma estrada de terra, onde a poeira levante e o vento estufe os meus pulmões.
Silueta de beleza, com um corcovear de liberdade.
Instrumento de guerra com a sua coragem e é parceiro do romance por causa de sua formosura.
Animal perfeito, com cores diversas, qualquer uma me atrai...
Na tua lombar eu sou mais forte, mais alta, mais rápida, mais bela e mais confiante.
Quantas razões ainda faltam pra justificar minha admiração?... Tenho todas!
Se imagino um animal que me remeta a alegria, esperança, o amor, o poder, a beleza e a liberdade, sempre vou lembrar desta criatura singular – o cavalo – e o guardo aqui dentro do peito!


sábado, 29 de agosto de 2009

O Bicho que Voa

Quem foi que disse que homem não pode voar?
Quem foi que disse tamanho absurdo?
Voar como um colibri...
Quem foi que disse, não sabe.
Não sabe, nem nunca experimentou.
Rodar, bailar e flutuar...

Nas plumas da saia esvoaçante,
O planar do encontro das mãos e passos,
O olhar de rapina penetrando na presa,
O vôo certeiro do pássaro
Deslizando no salão encerado.
Compasso, marcação e espaço...

Voar livre de verdade.
Com o sopro da melodia,
Cantarolada no ouvido.
O chão perde o sentido,
O céu, agora, é tão perto.
Plena liberdade...

Vôo alto, vôo rasante contra o vento,
Emoção como quiser.
Sem medo do abate,
Pairo por entre a formação
Mergulhos e alçar mais alto.
Com asas de sonhos sem tempo...

Olhos fechados, olhos abertos.
Gira qual criança.
Quem foi que disse que homem não voa?
É porque não encontrou seu par de asas,
Não encontrou seu par na dança!

Voando

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O Violão

Andando entre linhas by Alice


Como pode um som de cordas fazer tanta falta?
Ah, o doce som do trastejar...
Como queria eu, poder deslizar sobre ti meus dedos
Com perfeição e habilidade.
Amor platônico...
Nunca tive de ti um som sincero.
Melodia natural de quem tem o dom.
Mas como me faz falta...

E eu me acostumei a ouvir-te.
Todos os dias tu cantavas pra mim.
Era um dedilhar, uma canção incompleta
Era uma brincadeira ou coisa séria
Mas nunca fui eu que te dei prazer
Não era eu que te fazia soar assim.
Eu só arranhava, destruía tua sonoridade.
Quanto tempo eu tentei...em vão.
Desisti de te dominar.
Hoje só quero ser sujeita a ti.
Só quero poder te ouvir
Poder sorver tuas notas
Não me importo mais que as mãos não sejam as minhas.
É teu som que eu quero
Não preciso te tocar,
Não preciso te ver,
Basta sentir que tu estás ali
Soando pra mim...
Ah...
Minhas lágrimas acompanham teus acordes...
É o que eu posso fazer por mim e por ti.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A Garrafa Vermelha

Naqueles anos era comum, bem comum até, principalmente lá na minha terra.

Ter uma garrafa térmica era, e ainda o é, um utensílio de cozinha muito utilizado, principalmente se for acompanhado pela cuia e bomba de chimarrão.

Pois é, nós tínhamos também, uma garrafa térmica Vermelha, daquelas bem modernas pra época. Ela não era de abrir com rosca e servir o chimarrão, mas era de apertar. Esta eu podia usar, não exigia muita técnica pra utilizar, era só por a cuia embaixo, na parte oposta ao barranco da erva e apertar bem no meio... Talvez uma vez bem longa, ou duas ou três mais rapidinhas...

E ela estava lá... em muitas ocasiões da nossa vida gaudéria (termo que gaúcho gosta de usar, dá mais valor pras tradições).

Tenho até o registro dela em ocasiões inusitadas, como no churrasco realizado na sala de estar de casa, sob o frio intenso da cidade de Bagé-RS. Saída estratégica pra quem não tinha uma churrasqueira coberta mas era sortudo em ter uma lareira... nada que uma lata de tinta vazia e alguns tijolos não resolvessem o problema com o espeto.


Ah, mas ela era companheira da cuia, não esqueçam disso, esta garrafa não podia ser enchida com nenhum outro líquido que não fosse a água quente, água do primeiro chiar da chaleira, não era água fervida (água assim estraga o mate).

Outra ocasião de respeito ao qual guardo o devido retrato, é de uma pescaria, lá pras bandas de Dom Pedrito-RS. Terra boa, com gente boa, pescaria boa, comida boa! Muito peixe, traíra, amigos queridos, churrasco de encher os olhos.

Alguém duvida da autenticidade deste relato? Confira...


Veja uma legítima cena gaúcha: churrasco, terceiro sargento do exército fazendo a segurança local, cachorro ao pé do prato (diga-se de passagem que era a MINHA cachorra, PEPITA), bacia vermelha pra lavar as mãos antes da refeição e... lá está ela... a bendita Garrafa Vermelha e seu companheiro, o mate.

Mas o tempo passou, a ampola quebrou, o plástico secou, a gaitinha do fole furou... tornou-se uma Garrafa Vermelha sem serventia e se perdeu nas muitas mudanças que fiz na vida. Mudança de casa, mudança de cidade, mudança de estado, ah, mudanças... de cabelo, de corpo, até de estado civil e nome!

Hoje eu tenho várias garrafas térmicas, brancas, floridas, azul, inox e com cores até difíceis de descrever... mas não tenho nenhuma vermelha...

Aquela foi a única!!!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Eis que é dia!

Abri os olhos, mas fechei com tanta rapidez que nada vi.
Abri novamente, agora de forma mais a espiar, vendo primeiro os meus cílios bem na frente (geralmente não se repara neles).
Ah, preguiça... espreguiça... suspira... inspira...expira!
Derrepente dou-me conta das perspectivas a frente... novidades, quanta coisa para fazer...
Agora sim, abro bem os olhos, pois vejo o horizonte brilhando, vejo as sombras da manhã, vejo o início de um caminho.
Como quem não sabe o que fazer eu começo este blog, preciso de palavras, preciso de imagens... é e preciso de emoções!
Quem sabe falar de uma foto, um acontecimento, um sentimento ou uma pessoa...
Achei!
Falarei sobre o que me levou a escrever... meu amigo, um poeta... é um bom começo!
Eis que o vejo em tons quentes, cores vivas. É seu sangue que corre por fora da carne, ele é contestador mesmo... Ele exala música pelos poros, canta enquanto respira, soa melodia pura quando fala, voz suave... cantiga de ninar.
Sabe, não consigo imaginar uma criatura destas dando murros em janelas e nem chutando portas... mas deve acontecer, faz parte daqueles que carregam o "Y". Talvez nem todos... quem sabe???
Pois é, ver esta pessoa impar, me fez ter vontade de escrever, afinal, ele escreve de forma tão simples, quando leio suas linhas ele aparece novamente ali, na minha frente, sentado no chão, as costas no muro, parece até confortável, como se estivesse em um divã, mãos sujas, pele transpirando o cansaço do dia, dia de trabalho pesado. Esta é uma memória antiga, o que eu via há uns 20 anos atrás... É a memória que marcou um pedaço da minha vida, foi marcada com ferro quente, mas com anestesia local...
É isso, além de muito mais, porém, todo mundo tem alguém que cruzou nossa estrada deixando o que é de melhor de si. Todo mundo, procurando em suas lembranças vai achar uma pessoa assim, que não se perde com o tempo e que a gente anseia reencontrar!
Eu reencontrei meu amigo e encontrei um motivo bom pra escrever!!!

Onde estão?